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Bia Ocougne

Bia by Drica 2

Bia Ocougne e Movimentos Integrativos®

Bia é bailarina, psicóloga e precursora da Educação Somática no Brasil.

A partir de mais de 30 anos de pesquisa idealizou Movimentos Integrativos®, e sua história está diretamente ligada ao desenvolvimento deste método.

Esta trajetória você pode conferir aqui abaixo.

Para entender o método, é preciso conhecer um pouco a história de Bia, que começou a dançar balé moderno, com técnica Martha Graham, aos oito anos de idade e, desde os dezesseis, é professora de dança. Formada bailarina e apaixonada pelas artes corporais, foi estudar Psicologia na PUC – SP, onde pôde conhecer profundamente os diferentes tipos de personalidades e como elas modelam o corpo ao longo da vida.

A história genética e os acontecimentos do dia-a-dia formam a postura e deixam marcas, que deixam outras marcas, a ponto de não podermos mais distinguir o que vem antes – um determinado padrão postural ou um padrão emocional. Trabalhar o corpo, escutá-lo em todas as suas dimensões é criar condições de melhorar a autoimagem, a autoconsciência e contribuir para uma vida mais saudável e mais plena.

Com a Dança e a Psicologia na bagagem, Bia iniciou um longo percurso com técnicas terapêuticas que pudessem dar voz e tratar diferentes corpos. Aprofundou-se, então, em Ginástica Holística, Yoga, Massagem Ayurvédica e Técnicas de Relaxamento, como a Calatonia, desenvolvidas por Pétho Sándor, de quem foi aluna na PUC. Também aprendeu muito com Klaus Vianna sobre consciência do movimento e expressão.

Logo após o fim da graduação, Bia ficou nove meses em São Francisco, nos EUA, fazendo cursos de dança do ventre, danças circulares, Gestalt, dança terapia, terapia do movimento, sapateado etc. Assim que voltou do intercâmbio, foi contratada por Ivaldo Bertazzo para dar aulas em seu espaço. A parceria, que incluía muitas experimentações de danças, durou oito anos. Com um estilo cada vez mais próprio de tratar os corpos e torná-los mais vivos, Bia foi dando contorno aos Movimentos Integrativos®.

A partir de 1972, passou a fazer, anualmente, uma viagem de longa duração a algum país do mundo a fim de conhecer ou se aperfeiçoar em métodos alternativos de tratamento corporal. Nessas viagens ou mesmo no Brasil, fez cursos de Feldenkraiss, Técnica de Alexander, danças, RPG, Rolfing, Liberação Miofascial, Pilates etc.. Em 1980, no entanto, uma virada fundamental para os Movimentos Integrativos ocorreu: Bia foi para o Oriente.

Inspirada por Eugenio Barba, autor de A Antropologia do Ator, a primeira parada foi em Bali, onde conheceu I Made Djmat, grande bailarino, com quem teve aulas por sete anos. Com ele, Bia compreendeu o que Barba queria dizer com “pré-expressividade” – um tipo de presença corporal que faz com que a plateia fique magnetizada, sem conseguir desviar os olhos de um ator, ainda que ele não esteja propriamente fazendo nada.

De todas as perspectivas que Bia conheceu, essa a arrebatou. Um corpo expressivo é, necessariamente, um corpo saudável e consciente. Bia queria ensinar esse tipo de presença para pessoas comuns – uma fisioterapia que não fosse apenas para tratar lesões, mas para criar condições mais plenas de expressão. As noções de assimetria, desequilíbrio, complementaridade de opostos, atenção etc. foram incorporadas ao trabalho corporal de Bia, que lapidou cada técnica em seu próprio corpo, para, então, oferecê-las em forma de exercícios, nos Movimentos Integrativos®. Mas não só. Bia tornou-se uma bailarina reconhecida em Bali e, em 1988, participou, como artista convidada, do Balinese American Dance Theater, nos EUA. Foram quatro meses de ensaios intensos.

Foi graças a essa experiência que Bia foi chamada para dar aulas de danças orientais ligadas à expressividade do ator na UNIFESP. Na década de 80, ir ao Oriente era mais ou menos como ir a Marte, tamanha a diferença cultural, e o intercâmbio com países como Bali e Índia, para onde vai desde 1994, eram muito ricos, porque mudavam o paradigma dos trabalhos corporais do Ocidente.

O uso do corpo no Oriente era completamente diferente do uso do corpo no Ocidente. Continua sendo e Bia continua indo para a Índia, anualmente, em odisseias de dois meses, em que aprofunda seus conhecimentos em dança clássica indiana Odissi, que é composta por movimentos complexos, que exploram múltiplas possibilidades gestuais. O corpo todo é reorganizado.

Ainda na década de 80, entrou em contato com o método da médica e fisioterapeuta alemã Lily Ehrenfried, o que lhe deu as chaves mestras para desvendar e tratar holisticamente os corpos. Ou seja, era a oportunidade de unir tudo o que tinha aprendido no Oriente com as formas de tratamento que vinha pesquisando. Os Movimentos Integrativos® foram ficando cada vez mais complexos, pois passaram a trabalhar, de forma terapêutica, a expressividade dos corpos, melhorando suas capacidades perceptivas e motoras. Movimentos Integrativos® tenta resgatar a amplitude máxima das possibilidades, nada contra a maré do enrijecimento.

Daí, Bia partiu para o trabalho de Godelieve Denys-Struyf, que desenvolveu o método conhecido como Cadeias Musculares e Articulares GDS. Godelieve, como Bia, iniciou seu percurso na arte – mais precisamente, como desenhista. Foi por meio de suas observações das diferentes posturas e dos inúmeros desenhos que fez de corpos, que a fisioterapeuta e osteopata belga compreendeu os casamentos invisíveis entre genética, psiquismo e posturas corporais. Bia bebeu bastante também nessa fonte e hoje é professora convidada nos cursos de especialização nesta técnica em São Paulo (tanto no curso para profissionais de fisioterapia e medicina quanto no curso para profissionais de psicologia, educação física e dança).

Com Movimentos Integrativos®, uma refinada combinação de tudo com o que Bia entrou em contato, o corpo é liberado de automatismos que cristalizam a postura e adoecem. As estruturas são fortalecidas e aprendemos a perceber o corpo por meio do próprio corpo – o que amplia as possibilidades mentais –, a respeitar sua singularidade e a entender as funções e motivações de cada parte, que tem formas diferentes de reagir às pressões do dia-a-dia. O corpo fica mais vivo e o mundo com mais cores. Como o poeta faz da palavra cotidiana poesia, Bia Ocougne faz do gesto útil, dança.

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